Descubra se os pets conseguem identificar essa forma de falar e se é benéfico para eles
A ciência vem reunindo cada vez mais evidências de que cães e gatos desenvolveram habilidades para identificar nossas expressões, emoções e formas mais eficientes de comunicação com os humanos.
Cães desenvolveram músculos faciais (inexistentes em seus ancestrais) que intensificam o olhar (a famosa carinha de pidão) e ampliam nossa identificação com eles.
Gatos adultos raramente emitem aquele miado clássico (miaaauuuu) entre si, o que levanta a hipótese de que essa forma de comunicação se intensificou junto com a domesticação em curso.
Essas e outras características de cães e gatos guardam similaridades com traços de bebês humanos, instigando também sentimentos semelhantes (e irresistíveis).
E é bem difícil resistir também a fazer aquela “vozinha de bebê” quando 'conversamos' com nossos cães e gatos, né? E até com os de outras pessoas… Mas será que isso é bom para eles?
A dúvida surge muito em função de orientações de fonoaudiólogos e especialistas em educação infantil, que apontam os riscos de prolongar o uso do “tatibitati” com crianças.
Essa preocupação em relação às crianças destaca o impacto negativo do uso de palavras infantilizadas no desenvolvimento da linguagem, o que não se aplica aos pets.
Embora os animais sejam capazes de diferenciar algumas palavras, eles não vão aprender, infelizmente, a falar a nossa língua. Importam muito mais o tom, o timbre, nossas expressões e gestos.
Então, SIM! Em geral, é muito positivo para os animais de estimação que usemos a vozinha de bebê. Isso facilita a captura da atenção e favorece a formação e manutenção de nosso vínculo com eles.
Esse efeito positivo, inclusive para o treino, foi analisado em animais que estavam em diferentes fases da vida. E foi observado tanto em filhotes quanto em adultos.
Lansade, L. et al. Horses are sensitive to baby talk: pds facilitates communication with humans in a pointing task and during grooming. Anim Cogn 24, 999–1006 (2021).
E também em cavalos!
O uso do discurso direcionado ao pet (do inglês, pet directed speech - PDS), combinado com outras recompensas, pode aumentar a motivação para aprender um novo comportamento.
A forma carinhosa de falar e os reforçadores (alimentos, elogios, brinquedos) que usamos aumentam também a probabilidade de esse comportamento desejado se repetir. É isso que a gente quer!
É necessário ter atenção ao uso do PDS em situações em que o animal estiver muito agitado e também em momentos de chegada e saída de casa. Como assim?
Quando há excitação exagerada com uma brincadeira, por exemplo, falar com ‘vozinha de bebê’ pode aumentar o agito. Fale de forma bem calma e suave e, aos poucos, encerre a interação.
Ao chegar e sair, fale também de forma calma, suave e breve. Despedidas e cumprimentos não estão proibidos, mas transformá-los em grandes eventos pode aumentar a ansiedade pelo seu retorno.
E aí, gostou? Vem aprender mais com a gente: