Você já tem um ou mais gatinhos e quer adotar mais um? Leia isto primeiro!
Ao contrário do que diz a lenda, gatos não são animais solitários. Eles podem viver bem como único pet da casa, mas podem também se beneficiar de companhia.
Gatos são “animais sociais com restrições”. Há comportamentos sociais na espécie, mas os felinos são territoriais, ou seja: gatos que não fazem parte do grupo são vistos como competidores.
Por isso, aquela ideia de chegar em casa com um novo gato e dizer aos demais “olha aí seu novo irmãozinho”, forçando uma convivência imediata, geralmente é uma receita para o desastre.
Os gatos residentes vão encarar o novato como uma ameaça aos seus preciosos recursos, necessários para sua sobrevivência e bem-estar. Há exceções?
Sim! Há gatos que, pela história de vida e experiências de sociabilização na primeira infância, são mais flexíveis em relação à chegada de um novo indivíduo. Mas não podemos contar com a sorte!
Quando não há uma introdução gradual e positiva do novo gatinho, podem aparecer comportamentos agressivos, linguagem corporal de defesa e intimidação e conflitos graves.
Tanto o gato residente quanto o novato passarão por estresse extremo, ainda que o conflito seja passivo, ou seja, não chegue a uma briga física. Esse nível de estresse pode causar doenças.
E a grande questão é que uma apresentação forçada e negativa deixa marcas duradouras. Não adianta esperar que “eles se resolvam”. A tendência do conflito é se agravar!
Um estudo realizado com 2.492 famílias com mais de um gato indicou que 73,3% dos tutores observavam sinais de conflito entre os gatos que não se davam bem desde os primeiros momentos da introdução.
Portanto, se você está pensando em adotar um novo gatinho, o primeiro passo é pensar se você terá tempo, espaço e disposição para realizar o processo de introdução gradual e positivo.
Esse processo pode levar de algumas semanas (no mínimo) até seis meses ou um ano, dependendo da personalidade de cada gato e da forma como as etapas forem conduzidas.
Inicialmente, o novo gato deve ficar isolado em um cômodo da casa, sem nenhum contato com os residentes. Nem quando você chegar com ele pela primeira vez: nada de mostrar a caixa de transporte!
Esse cômodo deve estar preparado com tudo que o novo gato vai precisar; e deve permitir que os humanos da casa façam companhia em alguns momentos do dia, de forma confortável.
A partir daí, temos que analisar o comportamento de todos os gatos envolvidos (ex.:estão relaxados? ficam se encarando?) para decidir o ritmo de todas as etapas.
Em geral, essas etapas são: troca de cheiros, contato visual parcial com barreira, convivência no mesmo cômodo com restrições e convivência livre no mesmo cômodo com aumento gradual de tempo.
Em todos os passos, é necessário avaliar a linguagem corporal dos gatos e a resposta deles à oferta de recompensas, para entender se realmente está havendo uma associação positiva.
O fato de o gato aceitar um petisco, por si só, não significa que ele está confortável. Por isso, o ideal é que o processo seja acompanhado por um profissional capacitado e experiente.