Por que gatos não devem ser contidos pelo pescoço?

Técnica ultrapassada é prejudicial e estressante, mas ainda difundida entre profissionais e tutores

Você já viu, praticou ou soube que um gato foi contido pela pele do pescoço para realizar um procedimento veterinário ou para “corrigir” algo que ele estava fazendo de “errado”?

Se a resposta foi “sim”, tudo bem. De fato, essa forma de contenção foi difundida por muitos anos, em dezenas de países, inclusive o Brasil. Mas hoje ela está ultrapassada.

“Ah, mas a mãe gata faz isso com os filhotes”.  Notícia chocante: nós não somos gatos. Não conseguiríamos aplicar a pressão da mesma forma que a mãe gata, no ponto exato.

E a mãe felina só segura os filhotes pelo pescoço quando precisa movê-los de lugar, com poucas semanas de vida. Em gatos adultos, a pressão nessa área significa intimidação e medo.

A gata nunca utiliza a contenção pelo pescoço para “disciplinar” os gatinhos. “Ah, mas então porque o gato não sai dessa situação, se é tão ruim assim?”

Quando um animal está com medo, ele pode reagir de três maneiras: fugir, lutar ou ficar paralisado. As duas últimas acontecem com o gato contido pela nuca, sob estresse intenso.

Não se convenceu? O efeito desse tipo de contenção (em inglês, scruffing ou clipnosis) já foi amplamente analisado. Estudos e autores relevantes na área confirmam que há prejuízo ao bem-estar animal.

A contenção pelo pescoço retira qualquer possibilidade de escolha do gato, aumentando o risco de agressão defensiva. Por outro lado, o uso de contenção mínima se mostrou muito mais eficiente.

A ótima notícia é que o scruffing NÃO É NECESSÁRIO. Existem alternativas adequadas para prestar atendimento e manusear os gatos, mesmo os mais assustados.

Campanha internacional

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As técnicas cat friendly (amigáveis para o gato) e fear free (livres de medo) são adotadas por profissionais atualizados e que priorizam o bem-estar animal.

Conheça:

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Essas técnicas envolvem aproximação gentil, no tempo do animal. Se necessário, pode haver uso de medicação prévia prescrita pelo veterinário e de contenção com toalhas.

Vale lembrar que um atendimento menos estressante começa em casa, com o treinamento para caixa de transporte, medicação, corte de unhas e manipulação em geral.

Outro lembrete: gatos não sabem o que é “certo” ou “errado”. Muitos dos comportamentos que NÓS consideramos inadequados são naturais para ele. Elimine a punição. Ensine o desejado!

Consultora certificada em comportamento felino e canino. Pós-graduada em Comportamento Animal, única profissional sul-americana certificada pela Pet Sitters International.

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Letícia Orlandi