COMO PROTEGER CÃES E GATOS DURANTE FOGOS DE ARTIFÍCIO

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COMO PROTEGER CÃES E GATOS DURANTE FOGOS DE ARTIFÍCIO

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Em 2020, teremos uma incrível combinação inédita: muitos animais recém-adotados, incluindo muitos  filhotes, que viverão a experiência de um réveillon pela primeira vez; e a multiplicação de festas de fim de ano caseiras, uma vez que grandes aglomerações seguem restritas e as principais festas públicas foram canceladas. 

Ou seja, o barulho dos foguetes poderá estar bem mais perto dos nossos animais de estimação neste ano!

A audição de cães e gatos é muito mais apurada do que a nossa, o que por si só já justifica o incômodo deles com essa situação. Só que, além de muito alto, o barulho dos fogos é imprevisível e incompreensível para eles, o que contribui para a sensação de insegurança.

Fogos de artifício e pets: prepare-se agora!

Como ajudá-los a lidar com isso? Um passo importante é conhecer a linguagem corporal do seu bichinho. Recentemente, já tivemos foguetório, em menor escala, no dia de Nossa Senhora Aparecida e em alguns dias de  jogos de futebol. Como seus cães e gatos reagiram? Esconderam-se? Colocaram as orelhas para trás? Bocejaram e lamberam os lábios fora do contexto em que isso normalmente aconteceria? Buscaram colo? No caso dos gatos, ficaram com as pupilas dilatadas? 

Discuta os sinais observados com seu profissional de comportamento e veterinário de confiança, para planejar algumas ações desde já. 

No caso dos filhotes, é indicado fazer a socialização com os barulhos (não só de fogos, inclusive), utilizando gravações — saiba mais no final deste post. Para os cães que já têm sensibilidade, é possível fazer uma dessensibilização gradual e personalizada. Mas esse processo demora alguns meses, e só temos dois meses até o réveillon. Esse período não é suficiente para construir e consolidar todo o treino, que exige mais ou menos tempo, de acordo com o nível de medo e ansiedade já instalados. 

Por isso, é importante preparar outras medidas:

  • reforçar ou providenciar a identificação do animal, na coleira e por meio de microchip, para facilitar a recuperação em caso de fugas. O número de animais desaparecidos aumenta muito nessa época;
  • para os cães, programar uma rotina com passeios em horários mais distantes do momento dos fogos;
  • criar um ambiente seguro e confortável, com recursos básicos (água, comida, banheirinho); janelas e cortinas fechadas; músicas adequadas para a espécie ou mesmo a televisão ou rádio, em um volume confortável; toquinhas (caixas de transporte ou de papelão, caminhas protegidas) que podem ser cobertas com colchas/lençóis e equipadas com peças de roupa da pessoa com quem o animal tem mais vínculo; esconderijos variados (inclusive em locais elevados, para os gatos). No caso dos cães, além das trilhas sonoras específicas, como Relax my dog, e da música clássica; estudos indicaram que o reggae pode ser uma ótima opção de som calmante. Para os gatos, playlists Relax my cat e David Teie;
  • preparar atividades atraentes, como brinquedos recheáveis, comedouros interativos e tapetes/caixas para caçar petiscos, cascos, chifres e outros materiais de roer, por exemplo, para oferecer logo depois que os fogos começarem (evite oferecer logo antes, ou a associação não será positiva). Essas atividades, as músicas e os locais seguros descritos no ponto anterior podem e devem fazer parte da rotina do animal e dos treinos DESDE JÁ, para que seja de fato uma experiência agradável consolidada. Ele já vai entender que ali existe um porto seguro. Tentar obrigá-lo a desfrutar desse espaço e das atividades de repente, apenas na hora dos fogos, quando ele já estiver com medo, provavelmente não vai funcionar;
  • se o seu bichinho fica incomodado com outros moradores e pessoas presentes na casa (outros animais, crianças, visitas), é válido que esse “santuário” fique em um cômodo sem acesso para esses agentes estressores, mas é importante que ele tenha a companhia da pessoa com quem mais se relaciona positivamente
  • se ele buscar pelo seu colo e o seu carinho, acolha-o de forma tranquila, com tom de voz e gestos calmos;
  • o ideal é que você fique com seu bichinho nesse momento. Se optar por sair, além de criar um ambiente seguro, contrate um profissional, de preferência alguém que ele já conheça e confie – a hora de se planejar é AGORA! 
  • o uso de feromônios sintéticos (Feliway Classic no caso dos gatos e Adaptil para os cães) também pode contribuir para que os bichinhos fiquem mais confortáveis. Eles podem ser usados simultaneamente e devem ser plugados na tomada, preferencialmente, na semana anterior ao início dos fogos.
  • existem suplementos e medicamentos seguros que podem ser indicados em alguns casos, especialmente os mais extremos. Converse com o veterinário sobre isso agora, assim, será possível avaliar melhor a indicação e você não terá problema em agendar uma consulta. “Automedicação” nem pensar!.

Esconderijos devem ser deixados à disposição de cães e gatos

Existem algumas “orientações”, muito propagadas pela internet, que mostram o uso de faixas amarradas no corpo do animal para trazer sensação de conforto. Conhecida como “truque do pano”, essa técnica tem o nome de Tellington Touch. No entanto, quando a amarração não é executada adequadamente, pode gerar ainda mais desconforto. Com a mesma intenção, já existem no mercado roupinhas e coletes, conhecidos como “thundershirts”. Embora muitos tutores relatem que a roupa realmente acalma o animal, pesquisadores alertam que esta pode ser apenas uma impressão, fruto da leitura errada da linguagem corporal. O cão pode estar paralisado pelo uso da vestimenta, especialmente se não tiver sido apresentado a ela antes, e isso pode ser confundido com “calma”. É muito importante discutir essas possibilidades com profissionais qualificados, porque elas podem até ajudar em alguns casos específicos, mas não são soluções mágicas e nem dispensam as outras medidas. 

Com as festas chegando, é importante se preparar para ajudar os bichinhos a se sentirem seguros e confiantes de que têm um porto seguro. Se ele preferir se esconder, permita. Não dê bronca. Não force-o a “enfrentar” a situação aterrorizante, porque isso vai potencializar o trauma e dificultar que esse medo possa ser amenizado no futuro.

Dica da Tia Lets

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Existem playlists próprias para realizar o processo de socialização de filhotes de cães e gatos com os sons que eles terão contato ao longo da vida. O período mais sensível a esse processo varia de acordo com as espécies, sendo mais intenso em gatinhos de até 9 semanas e cães de até 14 semanas, aproximadamente. De forma um pouco menos intensa, essa fase de habituação aos estímulos pode se estender até os 4 meses para os gatinhos e até os 6 meses para os cães. 

A apresentação dos sons deve ser feita de forma gradual, começando bem rapidamente e em volume bem baixinho (lembre-se de que a audição deles é muito apurada!). Na medida em que aumentar o volume, observe se eles mexem as orelhinhas, levantam cabeça, olham na direção do som, sem se alarmar. Observe se eles voltam a fazer o que estavam fazendo antes e ofereça petiscos. Deixe nesse volume por um tempo, depois aumente mais um pouquinho, até que ele mostre algum sinal de atenção novamente, e vá fazendo progressos graduais. A associação positiva com alimentos, brinquedos e carinho deve começar nessa fase, construindo um caminho de tolerância, tranquilidade e bem-estar para o animalzinho em relação a esses barulhos desagradáveis que não conseguimos evitar.

No caso dos animais adultos e já sensíveis a determinados sons, é possível propor uma dessensibilização. Com bastante cuidado e muito respeito aos limites de cada indivíduo, a experiência vai se tornando menos assustadora. No entanto, tanto no caso dos filhotes quanto dos adultos, o acompanhamento profissional é fundamental. Se o processo for mais rápido ou intenso do que o indicado, pode ocorrer uma sensibilização ou trauma ainda maiores. Por isso, mesmo que não haja tempo hábil para completar o processo em 2020, vale lembrar que os fogos acontecem o ano inteiro aqui no Brasil e o bem-estar do seu bichinho pode aumentar muito com o treino.

(os sons são os mesmos, mas, se você for “bairrista”, pode escolher a que mais se identifica com o seu pet, rs)

Playlist de socialização para cães


Playlist de socialização para gatos



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