Cães e gatos não transmitem Covid-19 para humanos ou outros animais

Cães e gatos não transmitem Covid-19 para humanos ou outros animais

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Pesquisadores brasileiros fazem documento com revisão científica e apontam o aumento do abandono de animais em função da pandemia

Em tempos de pandemia, informações equivocadas sobre a possível transmissão da Covid-19 por animais de estimação têm gerado um aumento nas taxas de abandono de cães e gatos. Por isso, pesquisadora(e)s do LECA da UNIFESP (Laboratório de Etologia Canina) e do Laboratório de Cães do Instituto de Psicologia da USP elaboraram um documento com informações científicas e atualizadas. O documento é endossado por vários laboratórios e dezenas de cientistas de diversas áreas.

Você pode acessá-lo, na íntegra, aqui: https://www.researchgate.net/publication/340794228_Caes_e_gatos_domesticos_em_tempos_da_pandemia_da_covid-19

O documento traz as referências mais atuais, analisadas em perspectiva e de forma crítica pelos pesquisadores. Vale a pena acessar para ler!

Abaixo, destaco um trecho que considero especialmente importante:

“O que pode ser concluído é que é preciso muito mais pesquisa para se entender o  potencial que o SARS-CoV-2 possui de infectar animais não humanos. Até o momento, podemos afirmar que cães e gatos não são fontes de infecção para outros animais nem para seres humanos. Ou seja, não existe qualquer evidência científica de que cães e gatos possam contrair a covid-19 ou transmitir o novo coronavírus humano para pessoas. O que sabemos é que o vírus é transmitido de pessoas para pessoas. 

Associações veterinárias, como a Associação Veterinária Australiana (AVA), que vem monitorando ativamente a situação nacional e  internacional da covid-19, orienta que tutoras(es) de cães e gatos continuem tomando as medidas de higiene adequadas, antes e depois de  manipularem seu animal de estimação ou sua comida. Sugerem cautela em interações com contato face a face muito próximas e beijos na boca, até porque  não sabemos do potencial que os seres humanos têm de transmitir esse coronavírus para os animais. Mas, de maneira alguma, nenhum(a) tutor(a) deve tomar qualquer atitude que possa comprometer o bem-estar do seu animal de estimação.

O ideal é ficar em casa com seus animais de estimação. No entanto, se seu cão, por exemplo, precisa sair para urinar e/ou defecar, é necessário tomar alguns cuidados. Primeiramente, para as pessoas, os cuidados de higiene (lavagem das mãos com sabão e uso de álcool em gel) e de proteção normais (uso de máscara e manter distância de, pelo menos, um metro de outra pessoa), indicados pelos órgãos de saúde nacionais e internacionais.  O máximo de cautela é necessário, como evitar lugares com aglomeração de pessoas, assim como períodos de maior movimentação. 

Além  disso, por mais que não possam ser infectados, os animais podem carregar o vírus nas patas, no pelo, na coleira, no focinho e na boca, se entrarem em contato com alguma superfície contaminada, assim como as pessoas podem carregar o vírus nos sapatos, nas mãos, na roupa, nos acessórios, no celular, na boca, nariz e olhos. Por isso, para os animais, uma medida importante é limpar principalmente as patas antes de entrar em casa: lavar com água e sabão ou sabonete neutro  e secar bem depois para evitar que as patas fiquem úmidas. A coleira também deve ser lavada, de preferência com sabão e produtos bactericidas. Consulte sua(seu) veterinária(o) para saber o que é mais apropriado para o  seu cão ou seu gato. Por último, se você sai para passear com seu animal de estimação, precisa ter em mente que poderá se aproximar e/ou ter contato com alguma outra pessoa, que pode estar infectada essa sim será um agente de transmissão ativo da doença. 

Durante  esta pandemia,  além dos cuidados  de higiene e distanciamento físico/social, é preciso cuidar do sistema imunológico, manter-se ativo e cuidar da sua saúde mental. E você pode garantir tudo  isso com seu animal de estimação! Brincar com  seu cão e/ou  seu gato pode ser  uma ótima atividade,  que não somente será benéfica para seu corpo, mas também produzirá hormônios que ajudarão na sensação de bem-estar. 

Ainda, a interação com seu animal de estimação, é uma importante fonte de contato social. Por exemplo, acariciar seu cão e/ou seu gato, auxiliará na produção de  hormônios como a ocitocina, que é conhecida como o hormônio do amor, e na redução do cortisol, um hormônio do estresse. Ou seja, em tempos de incerteza e de crise, ter seu animal de estimação por perto, podendo você ficar em casa ou não, trará grandes benefícios para sua saúde física e mental. O vínculo afetivo que criamos com nossos cães e gatos nos ajuda a manter nosso equilíbrio emocional nesse momento. Da  mesma maneira, interagir positivamente com seu animal de estimação também ajuda na estabilidade emocional e saúde mental deles, reduzindo a ansiedade e estresse do seu cão e/ou gato juntamente com o seu.

É fato que uma nova dinâmica surgiu entre pessoas e animais de estimação. Seja porque não é possível ficar levando seu animal para passear, seja porque agora as pessoas passam muito mais tempo em casa com seus cães e gatos, seja porque é preciso achar formas de entreter os animais ao longo do dia, seja porque temos que ter mais paciência e tolerância com nossos bichos. 

(…) Quanto  aos animais  de estimação que  precisam ficar em casa,  algumas estratégias podem ser tomadas para garantir que a relação continue harmoniosa neste período de pandemia. Todos  os tipos de enriquecimento ambiental podem ser muito utilizados nessa época. Para gatos, é importante que a rotina  continue sem muitas mudanças. Então, se você já brincava com seu gato nas manhãs e noites após voltar do trabalho, mantenha essa rotina. Durante a tarde, período naturalmente mais ocioso para eles, deixe-os descansarem e não os acordem. 

Brinquedos que estimulem a parte cognitiva e alimentar são muito interessantes: caixas com petiscos dentro, comedouros lentos; juntamente com brincadeiras ativas feitas pelas(os) tutoras(es) e que estimulem a caça, como bolinhas de papel, varinhas com penas, etc. Lembre-se: ao final de cada brincadeira, recompense  seu gato com um petisco, dessa forma, ele não se  sentirá frustrado por não ter conseguido alcançar o que está caçando. Permitir arranhadura em locais adequados, escovação (se o gato gostar, claro), novas tocas de papelão e um local de descanso em sua mesa de trabalho são também aspectos importantes e que podem trazer mais bem-estar nessa época em que estamos muito em casa. 

Esses detalhes na relação podem assegurar o bem-estar dos nossos animais. Para  cães, ensinar  alguns truques novos  é uma ótima forma de  estimulá-los mentalmente, gastar  energia e ainda aprender a se comunicar  melhor com eles. Mantenha os treinos curtos e recompense com petiscos, brincadeiras e atenção. Assim como  para gatos,  brinquedos envolvendo  a parte alimentar, como  brinquedos recheáveis e quebra-cabeças  com petisco são muito interessantes, além  de atividades que estimulem seus sentidos. Você  pode, por exemplo, esconder alguns petiscos em panos, caixas ou ao redor da casa para seu cão farejar. Se vocês tinham um  horário de passeio fixo, use esse momento para alguma dessas atividades ou brincadeiras!  

É  necessário,  inclusive, ter  em mente que com  o fim da ‘quarentena’, nossos animais de estimação sofrerão com uma nova mudança de rotina, uma vez que, de uma hora pra outra, tutoras(es) não ficarão mais em casa todos os dias. Isto implicará em  um potencial risco de aparecimento de problemas relacionados à separação. Portanto, esse pode ser um momento importante de investir para melhorar a qualidade das interações com seu cão e com o seu gato e pensar em estratégias para que eles também  possam se entreter sozinhos, como, por exemplo, com enriquecimentos ambientais, comedouros interativos e novos brinquedos.  

Se você quer se prevenir contra o coronavirus, siga as orientações dos órgãos oficiais de saúde e o que nos diz a Ciência. Cientistas do Imperial College de Londres (Reino  Unido), um grupo de pesquisa altamente respeitado internacionalmente, estimaram que de 28 a 31 de março (somente três dias) o isolamento social mais restritivo evitou 59 mil mortes em 11 países europeus. Portanto, fica clara a importância de permanecer em casa. 

Sabemos que este é um privilégio para poucos no nosso país, uma vez que muitas pessoas são autônomas, muitas não têm condições de trabalhar de  casa ou de parar de trabalhar, muitas vivem em condições de moradia que não possibilitam o mínimo de distanciamento social, sem falar das pessoas que vivem em situação de rua. Além disso, há as pessoas que estão na linha de frente no combate à covid-19  e as(os) trabalhadoras(es) chamadas(os) essenciais, que não recebem dispensa e que precisam continuar trabalhando normalmente para que possamos comprar alimento e remédios, por exemplo. No entanto, se você pode, é de extrema importância que você fique em casa. 

E se você tem um animal de estimação, tem uma grande sorte de se beneficiar do vínculo afetivo e das atividades com seu cão e/ou gato que certamente ajudarão a enfrentar esse período desafiador. Precisamos pensar nos nossos cães e gatos da mesma forma que pensaríamos nas pessoas da nossa família. Manter o bem-estar do seu animal de estimação também deve ser uma prioridade agora. É exatamente nas horas de crise que precisamos estar mais dispostos a cuidar daqueles que nos fazem tão bem. 
Quando trazemos um animal para nossa casa e para nossa família, nos tornamos integralmente responsáveis por ele. Isso quer dizer que não somos somente responsáveis por garantir alimento e abrigo, mas, especialmente, que somos responsáveis por assegurar que tenham um bom bem-estar. Mesmo em tempos de dificuldade, você é responsável pela saúde física e mental do seu animal de estimação. Não se esqueça disso. E não se esqueça que abandono é crime, assim como eutanásia de animais saudáveis.”

REFERÊNCIA:

de Souza Albuquerque, Natalia & Savalli, Carine & Fukimoto, Naila & Ayrosa Filho, Flavio & Andrade, Michaella. (2020). Cães e gatos domésticos em tempos da pandemia da covid-19.

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